Fechei o livro com as palavras de Caio gravadas irresistivelmente nos olhos: "Sobre todas aqueles que ainda continuam tentando, Deus, derrama teu sol mais luminoso..."
Ainda é julho, pensei, então porque já penso em novembro?
Consequentemente lembrando das palavras (...esteja mais forte para o próximo novembro) Eu quis ter adormecido aí. Não queria senti meus pés finos cruzando o cômodo, não quis apoiar uma mão na parede e outra na cintura e, instantaneamente, como se apertasse o 'play', dizer:
-É triste ver que você, assim como tantas outras pessoas, assiste a dor escorrer pela pia, enquanto tenta empurrá-la pelo ralo ao mesmo tempo enfiando um sorriso no rosto como se cantasse feliz que tudo está bem quando o universo inteiro grita que não está.
Engraçado é ver como as palavras desmoronam e fazem desacreditar. 'Foda-se', foi o sussurro de resposta, 'não sou fraca como você'.
Quanto tempo você precisa para enxergar a morte de um pai? Como é que podemos medir o quanto alguém é forte ou fraco, se não existe termômetro para isso?
-Me entende e me ensina a esquecer, então?
Será que é tão fácil colocar as imagens de dor no forno para virarem lembranças? Talvez respirar alguma ar milagroso para que brotem lágrimas não de falta, mas de saudade com um tempero de 'vou te ver de novo'. O que se sabe é que não se pode temer o próximo novembro que vai fazer tremer e reviver toda a perda de um ano, nem falsamente torcer para tudo vai ficar bem, quando não se sabe. O que se faz é alimentar a esperança hoje; é querer que nossa alma seja infinita para suportar todos os elementos que não voltam; é desejar de todo o coração que tudo valha a pena e fazer como Caio...Que Deus ponha seus olhos sobre nós e rezar para que ele seja tão bom quanto parece ser, senão no que nos resta acreditar?
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
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