terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Para um príncipio: Alice

O medo de escrever, na verdade, o medo de mostrar sempre vem sob aspectos iniciais de refletir que os textos não são bons o suficiente; sob o julgamento das outras pessoas e sob o fato de pensar que não sabe escrever (sendo que isto não significa pegar uma caneta e anotar duas frases bonitinhas). Mas dane-se, é assim que se deve pensar. Descobri que quero escrever para tudo, para todos, para mim mesma, para o amor até quando morrer. Meu sentido maior é este.


Alice e sua razão.

Alice procurava uma razão. Alice poderia ser vista, julgada e revestida como uma pessoa qualquer, e realmente, bem no fundo do seu ser, ela era. Acontece que ela poderia ser mais normal do que era senão procurasse uma razão, e essa razão se tornava quente, úmida e apertada entre seus seios, durante muitas horas dos seus dias.

Alice ignorava este desconsolado aperto, porque aparentemente ele não simbolizava nada, ou talvez, esta espécie de dor focada, de buraco não-preenchido, entregava algo que ela obviamente sofreria para encontrar. Era como se ela de forma indizível e despreocupada procurasse em cada esquina de sua existência um sentido maior que a fizesse amar melhor, e esta razão não fora nomeada e era tão diferente e inalcançável de tudo e todos os sentimentos que já haviam avassalado seu coração que ela não sabia o que fazer, por onde começar, por onde caminhar. Se parecia como as muitas vezes em que você senta no pé da cama e se pergunta: “E agora?” ou quando um mero detalhe por menor que seja te faz se sentir tão pequeno que você antes de entrar no banho, se olha no espelho e ameaça despejar lágrimas, segurando-as da melhor forma que pode, mas tendo a consciência que para se obter a leveza desejada é preciso, tendo consciência de que não seria obtida se você ultrapassasse a porta sem fazê-lo.

Na verdade, Alice também poderia ser vista como uma emoção, como um rosto talvez cansado, porém cultivado e muito bem tragado pela vida. Alice não sabia como estancar algo vazio dentro de si. Ela já procurara por amores noite afora, não daqueles que você acaba encontrando em qualquer esquina, mas havia selecionado bem, ou melhor, havia demorado tempos para escolher. Mas independente disso, eles iam e viam, como pequenos golfinhos que saltam no ar e voltam para a água, eles davam um salto em sua vida e no seu tempo e depois voltavam para o mar, acabavam por ir saltar em outras águas. Ela já interagira no mundo das crenças, já havia se despencado das religiões, mas acabou por manter sua fé e seu ‘buraco cinza’ inatingíveis. .

Alice acredita que maior dor do que este buraco cinza é a desador, ou seja, a não-dor, o não-sentimento, o vazio. Para Alice, sua busca pende para algum lado, não é como se seus dias passassem como folhas de um próximo Outono, não é como se a velhice se apresentasse como numa tarde tranqüila, embora corresse atrás de algo que não poderia ainda alcançar.

Mas Alice, ás vezes permanece procurando. Procurando a razão, o sentido, a explicação que na maioria das vezes está plantado dentro de nós mesmos. Alice ainda pode ser vista como o próprio buraco cinza, o que há de se dizer através dela é que é existente em qualquer um de nós.


Alice = a verdadeira

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Bruna Salles

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