
Hoje eu fiz questão de querer contar. Sabe aquelas coisinhas bobas que te acontecem uma hora ou outra e que por serem tão pequenas e passageiras você não conta á ninguém?
É engraçado porque na nossa história, parando para pensar, há tantos sentimentos aparentemente simples que podem mesmo não significar nada...Ou podem exalar um singelo poder de mudar uma hora imperfeita, um dia vazio, uma semana sufocante ou uma vida cansada e indiferente com todas as outras coisas.
Sentei naquela rocha, olhando para a primeira coisa que avistei...Eu realmente esperava que o verde das árvores me abraçassem, me arrastassem para seu peito, me pedindo para deixar toda a tristeza se esvair dos meus olhos, para que cada lágrima minha lavasse minha alma e sua folhagem ao mesmo tempo, para que a purificasse de tal modo que nem mesmo a chuva, vinda dos céus, seria capaz de fazâ-lo. Eu também desejava ser ela, ser o próprio verde, a folha, o caule, a raiz para ser livre, leve e pura como ela.
Levantei a cabeça, olhei para o sol, e ele parecia tão facinado por eu estar caminhando e participando da sua sintonia, apesar de não se sensibilizar tanto com isso. Ele forçava em brilhar sobre a minha pele como um cobertor numa daquelas manhãs frias em que tudo o que você quer é ficar na cama comendo e vendo TV; era como um abraço forte, quente e apertado no dia do seu aniversário; era como um olhar amigo diante de um buraco imenso. O sol teimava em me queimar como quem dissesse com todas as letras: "Levanta menina, vem aqui me dar sua luz também...me abraça, me sente, me toca porque sou da natureza e portanto sou tão teu também. Deixa que eu te faça encontrar todo o calor que a vida por ignorância e maldade esqueceu ou não quis te entregar...Beijo seu corpo porque sou maior que você e por isso te cuido, te amo, te quero tão bem...vem que eu já estou entregue, te dou toda a minha luz, para não haver mais solidão, querida, nem escuridão, apenas eu mesmo, junto á você, para nos fazermos brilhar mais".
Ele parou de falar, pois as nuvéns também necessitam de sua confissão e sua companhia. Abaixei a cabeça, olhei por entre as árvores e fiquei observando todos os caminhos entre elas. CADA ESCOLHA TE LEVA PARA UM CAMINHO - minha mente gritou. E dependendo do caminho que você escolhe há tantas outras encruzilhadas e tantos outros caminhos, e tantas outras escolhas. O verde intenso extraído do que já era puramente intenso me fez rever tantas escolhas...tanta coisa, tanta coisa poderia ser diferente do que era. As palavras eram dançantes e poderiam se comparar a um soco bruto no estômago me fazendo acordar para o fato de que eu não poderia mudar. Se talvez uma dessas tantas coisas tivesse se transformado no meio do caminho, eu poderia mesmo não estar ali, sentada, pensando sobre o que poderia ter sido, mas por um outro destino, não foi. Virei a cabeça e vi a cachoeira ao mesmo tempo em que meus ouvidos absorviam todo o barulho vindo de sua agitação mútua, observei a forma como as rochas cortavam as águas, também desviando-as do sei caminho que parecia certo, abrindo espaço para uma nova forma, mas não deixando de seguir em frente.
Meus olhos se desviaram para abaixo de mim. O barulho era menos, ali era mais calmo, eu podia enxergar todas as pedrinhas através da água transparente. Estiquei a perna dentro da água, permitindo que ela me envolvesse, apesar de tão gélida cutucando a vontade de não entrar e recuar, como muitas vezes fazemos na vida...Há um medo e receio enorme de se aprofundar, conhecer, saber, amar...Não sabemos o que pode acontecer e isso é irritante. Tudo o que é frio, desconhecido causa uma perigosa emoção. É tão mais simples ficar sem aquilo, é tão mais fácil evitar, permanecer numa ilhazinha particular onde se conhece todos os cantos, buracos e passagens secretas...Era muito insuportável e medroso a idéia de contruir um barco e sair remando para o além que dali a alguns instantes pode ser tudo. O arriscar é mais duro. Fiz a tal comparação e resolvi entrar, como se me entregasse pela primeira vez...me joguei dentro dela, a água inundando meu corpo e tranformando meu coração e ela também me dizia para não ter tando medo, para não viver e respirar com tanto medo.
Não que parecesse, na verdade era real..A cachoeira e o sol eram parceiros e donos do mesmo talento do toque, digno mesmo de um dom dos deuses, e o melhor é que não arcavam com nenhum tipo de consequências. Eles simplesmente eram. E amavam o que eram.
Olhei para os amigos que riam mais alto do que o normal do outro lado daquele lugar. E os risos e olhares me chamando arrebentou meu coração com tamanha força...Sabe aqueles instantes que você se sente mais viva do que o normal? Foi assim. É um daqueles momentos que você sabe o quanto vale á pena viver.
Mais um de muitos.
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