sexta-feira, 20 de agosto de 2010

E como é o paraíso para você?

Alguém um dia me contou como seria o paraíso para ele e naturalmente passou a ser para mim também, como se eu já acreditasse no paraíso antes de conhecer, como se eu já o amasse antes de ter.

"Deitar em uma nuvem com os olhos fechados, sentindo o calor do sol bem quente e fraco no meu rosto, estar completamente em paz comigo mesmo, com o meu interior, ouvindo e cantarolando yellow do Coldplay e adormecendo com a sensação de que tudo e todas as vidas valeram á pena"

Ainda que completasse 80 anos, a voz continuaria com o mesmo timbre, o mesmo pulsar, com a mesma vida, parecendo que a ouvi há 30 segundos atrás.


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O próximo novembro

Fechei o livro com as palavras de Caio gravadas irresistivelmente nos olhos: "Sobre todas aqueles que ainda continuam tentando, Deus, derrama teu sol mais luminoso..."
Ainda é julho, pensei, então porque já penso em novembro?
Consequentemente lembrando das palavras (...esteja mais forte para o próximo novembro) Eu quis ter adormecido aí. Não queria senti meus pés finos cruzando o cômodo, não quis apoiar uma mão na parede e outra na cintura e, instantaneamente, como se apertasse o 'play', dizer:
-É triste ver que você, assim como tantas outras pessoas, assiste a dor escorrer pela pia, enquanto tenta empurrá-la pelo ralo ao mesmo tempo enfiando um sorriso no rosto como se cantasse feliz que tudo está bem quando o universo inteiro grita que não está.
Engraçado é ver como as palavras desmoronam e fazem desacreditar. 'Foda-se', foi o sussurro de resposta, 'não sou fraca como você'.
Quanto tempo você precisa para enxergar a morte de um pai? Como é que podemos medir o quanto alguém é forte ou fraco, se não existe termômetro para isso?
-Me entende e me ensina a esquecer, então?
Será que é tão fácil colocar as imagens de dor no forno para virarem lembranças? Talvez respirar alguma ar milagroso para que brotem lágrimas não de falta, mas de saudade com um tempero de 'vou te ver de novo'. O que se sabe é que não se pode temer o próximo novembro que vai fazer tremer e reviver toda a perda de um ano, nem falsamente torcer para tudo vai ficar bem, quando não se sabe. O que se faz é alimentar a esperança hoje; é querer que nossa alma seja infinita para suportar todos os elementos que não voltam; é desejar de todo o coração que tudo valha a pena e fazer como Caio...Que Deus ponha seus olhos sobre nós e rezar para que ele seja tão bom quanto parece ser, senão no que nos resta acreditar?


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Antes que eu me esqueça


O título é para você. Antes que eu acorde pela manhã sem me lembrar da cor dos dreads e da luz da alma. Antes que eu veja o encantamento dessa tarde desaparecer feito fumaça, como areia escorrendo pelas mãos. Antes que eu perceba: Acabou.
Não quero esquecer a sensação de flutuar no castanho-claro dos seus olhos que se enrugam muito levemente quando você sorri, tão limpo como se tivesse nascido apenas para esse propósito...para resplandecer e fazer crescer a vida estampada nos seus dentes. Quero ter essa sensação enquanto te ouço falar sobre as tintas em todas as suas roupas, sobre o grafite que sai das suas mãos como por milagre, sobre a beleza das imagens embutidas nele.
Não quero esquecer a fotografia tirada pela minha memória de todas as suas tatuagens mal-terminadas, meia-pintadas e meia sem cor, contrastando com um dread loiro quase te transformando em gibi onde se vê uma história intensa, pura, furiosa e com final feliz.
Assim como estou feliz por assistir alguém vivendo sua própria história.
Hoje á noite meus dedos se movimentam rápido e minha mente funciona como filmadora trazendo as imagens passadas e tentando, quase inutilmente, gravá-las para sempre nas palavras.
Noto seus movimentos me desenhando, seus braços agindo rápido e me olhando, despindo meu espírito e levando-o nas suas tintas para que eu sinta a sua energia se fundindo com a minha, tornando o desenho lindo e me entregando um dos melhores presentes que já recebi.
Percebo, antes de tentar não te perder que te gostar é tão fácil quando caminhar, te assistir é tão bom quando ficar deitada na cama em um domingo, sem ter hora para levantar. Percebo que guardei a sete chaves as gotas de paraíso que encontrei hoje.

Obs.: Essa é para o Rafa que me entregou um dia mágico quando eu menos esperava. Obrigada por ter me dado um pouco de você e ter levado um pouco de mim. Obrigada pela vida que você causou.

terça-feira, 9 de março de 2010

Para guardar e depois lembrar


Tenho uma mania incrível de guardar as coisas.
Esses dias, revirando uma das minhas caixas, encontrei uma carta de anos atrás. Reencontrei com as fotos 3 x 4 dos amigos de infância, o cartão e a rosa de Feliz Ano Novo do namoradinho da 2ª série; a caixinha cheia de conchas de todas as praias que estive até hoje; o poema do Guerreiro solitário dedicado e representado na 5ª série; o presente daquela melhor amiga quanto eu era uma adolescente louca pensando em fugir de casa; o diário que carrega tudo; as várias rosas e papéis de bombons, cada um tatuado com um pensamento...

Esta foi a que me fez chorar, depois de tanto tempo...

"Bruna, nunca mais feche os seus olhos para o mundo, há tantas pessoas neste mundo esperando o seu olhar...inclusive e principalmente eu...Eu não sou muito bom em escrever, ainda mais para você. E olha eu também não entendo muito bem desse mundo louco, nem vou procurar entender, também não sei filosofar muito sobre o que você tentava me dizer ontem sobre viver intensamente, sobre como a vida e nosso tempo são curtos e que a gente não pode mesmo fechar os olhos para não perder nenhum minuto.
Eu só quero que você saiba que eu sempre vou me lembrar o que você me ensinou sobre o quanto a nossa alma precisa do tempo e não ao contrário. Eu quero que você saiba que no meu peito vai ter a sua fala ressoando, me pedindo pra nunca mais desistir, pra ser homem de verdade...e ao mesmo tempo eu vou lembrar que não estamos mais juntos.
Sabe, o que vai me sustentar por um bom tempo (até eu morrer, eu espero) é que foi de verdade, você me pedindo pra te ligar, passar mais de horas falando com você, você parada na estação de trem, se fazendo de metida pra mim, até eu parar de te olhar e ir até lá, você me batendo todas as vezes que faço besteira, eu passando os finais de semana mais felizes da minha vida com você do meu lado, eu te desejando e te amando como nunca mais vou querer ninguém na vida, você sendo minha outra parte por todos os dias e estou me deparando agora com o fato de que vou perder essa outra parte, eu sendo mais feliz a cada dia e passando os melhores anos livre com você e eu hoje indo embora da sua vida e você da minha (Impossível de acreditar).
Eu sei que não te devo desculpas por nada e você também não, eu não vou mais ser o mesmo por perder uma parte importante, eu não sei se vou poder te ver de novo, então, não esquece de mim tá...
Que nem naquele livro do Paulo Coelho que você me mostrou e eu estou vendo agora: '-Não se esqueça de mim nunca. Sabia que não precisava dizer aquilo, mas de qualquer forma, disse'

TUDO É PORQUE TE AMO COM TODA A TERNURA DO MEU CORAÇÃO. TUDO.
Te amo, te amo, não se esqueça nunca...

L.
"


Acaso?



Sentou-se desajeitado no banco comprido junto ao balcão do bar localizado no centro da cidade, mais um de muitos. Naquela hora da noite era sim o boteco menos agitado na noite, por isso mesmo tinha escolhido-o. Lá havia espaço suficiente para uma procura insaciável, um coração encharcado e um homem solitário. "Acho que vai uma garrafa, hoje só 3 doses não funcionam".
Cadu acabara de levar o pé-na-bunda mais impetuoso e ridículo de sua vida. Pensava consigo "Mulherzinha pequena e desprezível", enquanto as lágrimas ameaçavam jorrar mais fortes que numa chuva de verão em um dia claro. A única explicação dela, que para ele não era nem um pouco plausível, era 'Não te quero mais, não quero e só', depois o barulho estridente da porta batida com toda a vontade de um certo tempo perdido e agora os pensamentos vagos que teimavam em desaparecer. "Dane-se' pensou, ao mesmo tempo em que a morena mais linda daquela noite longa sentava-se no banquinho comprido ao seu lado. Vesga, olhou para os olhos dele, ou pelo menos foi isso o que ele viu, sorriu, jogou o cabelo de lado e se virou, sorrindo novamente. "AH, eu sempre sou sortudo mesmo" e segurando-lhe a mão disse: "Eae quer conhecer meu quarto hoje?"
Depois ouviu-se o arrastar do banco, um olhar de fuzilamento triplificado, enquanto ouviu em alto e bom som: "Idiota ridículo".
Levantou-se, atravessou por trás do banco dele e comprimentou com um beijo leve e sedutor o rapaz do outro lado do bar, aquele que ela acabara de lançar um sorriso há dois minutos atrás.

"Quem fala o que quer, ás vezes ouve o que não quer"

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mais um toque com vida


Hoje eu fiz questão de querer contar. Sabe aquelas coisinhas bobas que te acontecem uma hora ou outra e que por serem tão pequenas e passageiras você não conta á ninguém?
É engraçado porque na nossa história, parando para pensar, há tantos sentimentos aparentemente simples que podem mesmo não significar nada...Ou podem exalar um singelo poder de mudar uma hora imperfeita, um dia vazio, uma semana sufocante ou uma vida cansada e indiferente com todas as outras coisas.

Sentei naquela rocha, olhando para a primeira coisa que avistei...Eu realmente esperava que o verde das árvores me abraçassem, me arrastassem para seu peito, me pedindo para deixar toda a tristeza se esvair dos meus olhos, para que cada lágrima minha lavasse minha alma e sua folhagem ao mesmo tempo, para que a purificasse de tal modo que nem mesmo a chuva, vinda dos céus, seria capaz de fazâ-lo. Eu também desejava ser ela, ser o próprio verde, a folha, o caule, a raiz para ser livre, leve e pura como ela.
Levantei a cabeça, olhei para o sol, e ele parecia tão facinado por eu estar caminhando e participando da sua sintonia, apesar de não se sensibilizar tanto com isso. Ele forçava em brilhar sobre a minha pele como um cobertor numa daquelas manhãs frias em que tudo o que você quer é ficar na cama comendo e vendo TV; era como um abraço forte, quente e apertado no dia do seu aniversário; era como um olhar amigo diante de um buraco imenso. O sol teimava em me queimar como quem dissesse com todas as letras: "Levanta menina, vem aqui me dar sua luz também...me abraça, me sente, me toca porque sou da natureza e portanto sou tão teu também. Deixa que eu te faça encontrar todo o calor que a vida por ignorância e maldade esqueceu ou não quis te entregar...Beijo seu corpo porque sou maior que você e por isso te cuido, te amo, te quero tão bem...vem que eu já estou entregue, te dou toda a minha luz, para não haver mais solidão, querida, nem escuridão, apenas eu mesmo, junto á você, para nos fazermos brilhar mais".
Ele parou de falar, pois as nuvéns também necessitam de sua confissão e sua companhia. Abaixei a cabeça, olhei por entre as árvores e fiquei observando todos os caminhos entre elas. CADA ESCOLHA TE LEVA PARA UM CAMINHO - minha mente gritou. E dependendo do caminho que você escolhe há tantas outras encruzilhadas e tantos outros caminhos, e tantas outras escolhas. O verde intenso extraído do que já era puramente intenso me fez rever tantas escolhas...tanta coisa, tanta coisa poderia ser diferente do que era. As palavras eram dançantes e poderiam se comparar a um soco bruto no estômago me fazendo acordar para o fato de que eu não poderia mudar. Se talvez uma dessas tantas coisas tivesse se transformado no meio do caminho, eu poderia mesmo não estar ali, sentada, pensando sobre o que poderia ter sido, mas por um outro destino, não foi. Virei a cabeça e vi a cachoeira ao mesmo tempo em que meus ouvidos absorviam todo o barulho vindo de sua agitação mútua, observei a forma como as rochas cortavam as águas, também desviando-as do sei caminho que parecia certo, abrindo espaço para uma nova forma, mas não deixando de seguir em frente.
Meus olhos se desviaram para abaixo de mim. O barulho era menos, ali era mais calmo, eu podia enxergar todas as pedrinhas através da água transparente. Estiquei a perna dentro da água, permitindo que ela me envolvesse, apesar de tão gélida cutucando a vontade de não entrar e recuar, como muitas vezes fazemos na vida...Há um medo e receio enorme de se aprofundar, conhecer, saber, amar...Não sabemos o que pode acontecer e isso é irritante. Tudo o que é frio, desconhecido causa uma perigosa emoção. É tão mais simples ficar sem aquilo, é tão mais fácil evitar, permanecer numa ilhazinha particular onde se conhece todos os cantos, buracos e passagens secretas...Era muito insuportável e medroso a idéia de contruir um barco e sair remando para o além que dali a alguns instantes pode ser tudo. O arriscar é mais duro. Fiz a tal comparação e resolvi entrar, como se me entregasse pela primeira vez...me joguei dentro dela, a água inundando meu corpo e tranformando meu coração e ela também me dizia para não ter tando medo, para não viver e respirar com tanto medo.
Não que parecesse, na verdade era real..A cachoeira e o sol eram parceiros e donos do mesmo talento do toque, digno mesmo de um dom dos deuses, e o melhor é que não arcavam com nenhum tipo de consequências. Eles simplesmente eram. E amavam o que eram.
Olhei para os amigos que riam mais alto do que o normal do outro lado daquele lugar. E os risos e olhares me chamando arrebentou meu coração com tamanha força...Sabe aqueles instantes que você se sente mais viva do que o normal? Foi assim. É um daqueles momentos que você sabe o quanto vale á pena viver.
Mais um de muitos.

...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Para um príncipio: Alice

O medo de escrever, na verdade, o medo de mostrar sempre vem sob aspectos iniciais de refletir que os textos não são bons o suficiente; sob o julgamento das outras pessoas e sob o fato de pensar que não sabe escrever (sendo que isto não significa pegar uma caneta e anotar duas frases bonitinhas). Mas dane-se, é assim que se deve pensar. Descobri que quero escrever para tudo, para todos, para mim mesma, para o amor até quando morrer. Meu sentido maior é este.


Alice e sua razão.

Alice procurava uma razão. Alice poderia ser vista, julgada e revestida como uma pessoa qualquer, e realmente, bem no fundo do seu ser, ela era. Acontece que ela poderia ser mais normal do que era senão procurasse uma razão, e essa razão se tornava quente, úmida e apertada entre seus seios, durante muitas horas dos seus dias.

Alice ignorava este desconsolado aperto, porque aparentemente ele não simbolizava nada, ou talvez, esta espécie de dor focada, de buraco não-preenchido, entregava algo que ela obviamente sofreria para encontrar. Era como se ela de forma indizível e despreocupada procurasse em cada esquina de sua existência um sentido maior que a fizesse amar melhor, e esta razão não fora nomeada e era tão diferente e inalcançável de tudo e todos os sentimentos que já haviam avassalado seu coração que ela não sabia o que fazer, por onde começar, por onde caminhar. Se parecia como as muitas vezes em que você senta no pé da cama e se pergunta: “E agora?” ou quando um mero detalhe por menor que seja te faz se sentir tão pequeno que você antes de entrar no banho, se olha no espelho e ameaça despejar lágrimas, segurando-as da melhor forma que pode, mas tendo a consciência que para se obter a leveza desejada é preciso, tendo consciência de que não seria obtida se você ultrapassasse a porta sem fazê-lo.

Na verdade, Alice também poderia ser vista como uma emoção, como um rosto talvez cansado, porém cultivado e muito bem tragado pela vida. Alice não sabia como estancar algo vazio dentro de si. Ela já procurara por amores noite afora, não daqueles que você acaba encontrando em qualquer esquina, mas havia selecionado bem, ou melhor, havia demorado tempos para escolher. Mas independente disso, eles iam e viam, como pequenos golfinhos que saltam no ar e voltam para a água, eles davam um salto em sua vida e no seu tempo e depois voltavam para o mar, acabavam por ir saltar em outras águas. Ela já interagira no mundo das crenças, já havia se despencado das religiões, mas acabou por manter sua fé e seu ‘buraco cinza’ inatingíveis. .

Alice acredita que maior dor do que este buraco cinza é a desador, ou seja, a não-dor, o não-sentimento, o vazio. Para Alice, sua busca pende para algum lado, não é como se seus dias passassem como folhas de um próximo Outono, não é como se a velhice se apresentasse como numa tarde tranqüila, embora corresse atrás de algo que não poderia ainda alcançar.

Mas Alice, ás vezes permanece procurando. Procurando a razão, o sentido, a explicação que na maioria das vezes está plantado dentro de nós mesmos. Alice ainda pode ser vista como o próprio buraco cinza, o que há de se dizer através dela é que é existente em qualquer um de nós.


Alice = a verdadeira

.




Bruna Salles